Mais
que um construtor de imagens, o verdadeiro artista é um criador de símbolos - novos
símbolos, arquétipos que virão a fazer parte do imaginário de uma civilização. Um
dos maiores criadores de símbolos da História da Arte foi o catalão Salvador
Domingo Felipe Jacinto Dalí i Domenèche, primeiro marquês de Dalí de Pubol
(1904 – 1989), mais conhecido como Salvador Dalí.
Excêntrico, visionário, artista
multimídia, dono de uma imaginação sem fronteiras, criador de imagens chocantes
e bizarras, Salvador Dalí é a personificação do Surrealismo - movimento artístico
que busca explorar o papel do inconsciente no processo de criação, expressando
visões despidas do controle da razão, da estética ou da moral. A onipotência do
sonho, uma das marcas dos artistas surrealistas, permeia a obra de Dalí. Mas
por mais surpreendentes que os temas de Dalí pareçam (outra característica da
arte surrealista), seus trabalhos são imbuídos de beleza. De fato, ele
criticava a arte moderna por promover a feiura generalizada e a hipervalorização
da técnica.
Em A Persistência da
Memória, seu quadro mais conhecido, pintado em 1931, Dalí derrete relógios
numa ampla paisagem, criando um símbolo da relatividade do espaço e do tempo,
desconstruindo a noção humana de ordem cósmica. No meio da composição, há uma
figurara vagamente humana, uma evocação às imagens que surgem nos sonhos, as
quais não conseguimos distinguir. Dalí usa essa figura também em outras obras
como uma representação dele mesmo, o narrador que observa e ao mesmo tempo
participa. Um dos relógios está coberto de formigas, símbolo que Dalí usava
para representar a morte. Vanitas...
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