terça-feira, 26 de março de 2013

Claude Monet - Impressão, Alvorecer

O impressionismo é um divisor de águas na história da arte. Ao mesmo tempo em que é precedido por uma cadeia de pintores que abrem caminho para essa escola - El Greco, Rembrandt, Franz Hals, William Turner, William Holman Hunt, para citar alguns -, preparou o terreno onde, décadas depois, viria florescer o modernismo. Surgido na França, o impressionismo introduz elementos que rompem definitivamente com o passado da pintura: enfatiza a apurada representação da luz, especialmente nos efeitos que suas mudanças produzem, usa composição aberta, inclui o movimento como elemento crucial da percepção e experiência humanas e lança mão de ângulos visuais incomuns. As explorações dos pintores impressionistas se estenderam por três gerações entre os anos de 1870 e 1880 e também influenciaram músicos e escritores. O nome dessa escola vem de um quadro de Claude Monet (1840 - 1926), Impressão, Alvorecer (Impression, Soleil Levant), datado de 1872. Produzido com pinceladas soltas que mais sugerem do que delineiam a paisagem, a pintura mostra a baía de La Havre sob a luz do sol nascente, brilhando através da neblina. Alguns mastros de barcos surgem fantasmagoricamente ao fundo. “A paisagem não é nada mais que uma impressão instantânea”, explicou Monet. De fato, em seus quadros, Monet imortalizava momentos – fugazes fragmentos de tempo, mas que compõem a existência do Homem.



sexta-feira, 22 de março de 2013

Caravaggio - A Decapitação de São João Batista

  Se a arte de Caravaggio pudesse ser definida numa palavra, ela provavelmente seria: brutal. Michelangelo Merisi da Caravaggio (1571 – 1610) combinou, nas imagens que compôs, uma visão realística do ser humano, tanto do ponto de vista físico como emocional, ao uso dramático da luz. O resultado é arrebatador. Caravaggio pinta homens e mulheres de verdade: não esconde nem a sujeira nem a beleza de seus corpos. Os temas violentos refletem a personalidade do pintor. Consagrado em Roma, seu temperamento volátil o levou a matar um homem num duelo. A partir de então, sua vida tornou-se uma fuga que o levou a Nápoles, Malta e Sicília, em busca de protetores com quem, depois de pouco tempo de convivência, rompia - e no caso dos Cavaleiros de Malta, de modo violento. Suas obras acabaram se tornando moeda de troca para a proteção e o perdão que esperava receber das autoridades. Uma moeda valiosa, com a qual ele comprou os poderosos para tentar escapar dos assassinos que o perseguiam e que, talvez (pois há controvérsias sobre o modo como Caravaggio morreu), tenham cumprido sua missão.
  A Decapitação de São João Batista, pintado em 1608 quando Caravaggio estava sob a proteção dos Cavaleiros de Malta, é considerada obra-prima desse pintor e um dos quadros mais importantes da arte ocidental. A pintura retrata o momento em que São Batista é sangrado, antes da decapitação. Ele já teve a jugular cortada e a espada que será usada para arrancar sua cabeça descansa ao lado. À esquerda, Salomé aguarda com uma bandeja a cabeça que lhe será dada. Ao seu lado, o contraponto: uma mulher, identificada como, possivelmente, a princesa Herodias, irmã do rei Herodes Agripa I, reage, chocada, ao absurdo que é a execução de um inocente. A tela reúne as principais características de Caravaggio: da técnica soberba deste que foi um dos iniciadores da pintura barroca, do jogo de luz e sombra, à violência que extrapola os limites tanto da emoção como da razão humanas. Com isso, Caravaggio nos dá um retrato da nossa própria alma: tão bela quanto violenta; tão reles quanto elevada... Brutal.



sábado, 9 de março de 2013

William Turner - Iate Aproximando-se da Costa


O inglês William Joseph Mallord William Turner (1775 – 1851) é, sem dúvida, um dos maiores gênios da história da arte, um pioneiro que se aventurou por caminhos que passaram a ser trilhados por novas gerações de pintores. Com efeito, William Turner é o autor do prefácio romântico ao Impressionismo, antecipando em décadas essa escola.
Turner foi um inovador. Encontrava veículos para sua imaginação na luz do luar, em tempestades, neblina, naufrágios. Era fascinado pelo poder violento do mar. Em muitas de suas obras, a figura humana é colocada de modo a ressaltar sua vulnerabilidade diante da natureza. E como todo grande mestre, sua arte permanece atual, poderosa e, sem incorrer em exagero, contemporânea.
Em Iate Aproximando-se da Costa, de 1835, a luz no céu e no mar ofusca o leitor, provocando um efeito visual peculiar, obscurecendo a cena. As formas dos edifícios e dos barcos são apenas sugeridas. É por conta de pinturas como essa que Turner é chamado de “pintor da luz”.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Tomie Ohtake - Botão

Tomie Ohtake (1913 - ) só começou a pintar aos 39 anos, seguindo um impulso que teve ainda na adolescência, quando ainda vivia no Japão, mas o qual não pôde seguir por conta da rigidez da sua educação. Autodidata, Tomie começou pintando as paisagens que a cercavam, especialmente as do bairro da Mooca, em São Paulo, onde morava. Logo, porém, passou para a pintura abstrata. “Queria pintar o que vinha do coração e não apenas o que via”, justificou. A artista não se ateve apenas à pintura. Tomie também é escultora – suas obras decoram algumas vias de São Paulo. Em Botão, de 1976, Tommie ilumina com maestria uma composição plana e sombria, conseguindo, assim, um efeito marcante.


segunda-feira, 4 de março de 2013

Giotto - O Beijo de Judas

A obra de Giotto (1266/7 – 1334) é um dos maiores divisores de água da história da arte. O pintor florentino foi o primeiro de uma série de artistas cujo trabalho contribuiu para o surgimento do Renascimento. Giotto foi o mestre que iniciou os grandes mestres, fundador de uma linhagem que culminou em Leonardo, Michelangelo e Rafael.
Giorgio Vassari (1511 – 1574), que estabeleceu os fundamentos da literatura da história da arte com seu livro As Vidas dos Pintores, Escultores e Arquitetos Mais Eminentes, escreveu que Giotto foi o criador “da grande arte da pintura como a entendemos hoje, introduzindo a técnica de desenhar com base na natureza, algo que tinha sido esquecido por mais de duzentos anos”.
De fato, a pintura de Giotto foi uma ruptura. Em vez de das representações planas, sem vida, da arte bizantina, Giotto pintava homens e mulheres conforme a realidade, colorindo com sua paleta as emoções humanas.
Nos afrescos da Capela Scrovegni, em Pádua, também conhecida como Capela da Arena, Giotto atinge o auge. Os afrescos – em muitos dos quais se destaca um azul tocante – estão entre as principais obras do início do Renascimento. O Beijo de Judas, que transborda emoção e movimento, faz parte desses painéis, concluídos em 1305, que narram a vida da Virgem e de Cristo.