Joan
Miró (1893 – 1983) afirmava que queria “assassinar a pintura” para, assim,
estabelecer novos parâmetros visuais, reinventando essa arte. De fato, Miró deu
outro sentido à pintura figurativa. Criou símbolos, evocou arquétipos,
trouxe à tona imagens que habitam as profundezas do imaginário humano. Por
isso, sua obra é associada à escola surrealista. O próprio André Breton, fundador
do Surrealismo, admitiu que Miró era “o mais surrealista de todos nós”. Curiosamente,
apesar de a arte de Miró vir do subconsciente (ou, até, mais profundamente, do
inconsciente), ele não se associou ao movimento surrealista, pois queria liberdade
para criar – e pertencer a uma escola limita, com efeito, os rompantes
criativos.
Mas, sem dúvida, a arte de Miró pulsa a partir do inconsciente.
Foi um dos primeiros a desenvolver o “desenho automático”, uma técnica usada por
muitos pintores surrealistas (inclusive Dali) que busca dar vazão à expressão
do subconsciente ao deixar a mão fazer traços aleatórios sobre a tela, fugindo
do controle racional. Os riscos casuais formam imagens oníricas, primevas,
onipresentes. O efeito é poderoso. Bom exemplo é Uma Gota de Orvalho Caindo da Asa de um Pássaro Desperta Rosália que
Dormia à Sombra de uma Teia de Aranha, de 1939. O quadro pode ser o que o
título implica ou o que o espectador quiser ver. Miró é mestre, de fato, em
despertar diferentes olhares, visões diversas, em quem observa suas pinturas.
Um ilusionista que, em vez de fumaça e espelhos, lança mão de luz e cor para
fazer sua mágica.
Joan Miró (1893 - 1983) stated that he wanted
to "assassinate painting" to thereby establish new visual parameters,
reinventing this art. In fact, Miró gave another meaning to figurative
painting. He created symbols, evoked archetypes, brought up images that inhabit
the depths of the human imagination. Therefore, his work is associated with surrealism.
André Breton, the founder of Surrealism, admitted that Miró was "the most
Surrealist of us all." Interestingly, although the art of Miró come from
the subconscious (or even deeper, from the unconscious), he did not join the
Surrealist movement, because he wanted to be free to create - and to belong to
a school does limit the creative outbursts .
But undoubtedly, the art of Miró pulses from
the unconscious. He was one of the first artists to use and develop "automatic
drawing", a technique used by many surrealist painters (including Dali)
that seeks to give vent to the expression of the subconscious by letting the
hand do random strokes on the canvas, fleeing the rational control. The lines form
dreamlike, primal, ubiquitous figures. The effect is powerful. A good example
is Dew Drop Falling
from the Wing of a Bird Awakens Rosalie who slept in the Shadow of a Spider Web, from 1939. The work may be what the title
implies or whatever the viewer wants to see. Miró is a master in awakening
different points of view, different visions, in the one who observes his
paintings. An illusionist who, instead of smoke and mirrors, makes use of light
and color to do his magic.
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