O
impressionismo é um divisor de águas na história da arte. Ao mesmo tempo em que
é precedido por uma cadeia de pintores que abrem caminho para essa escola - El Greco,
Rembrandt, Franz Hals, William Turner, William Holman Hunt, para citar alguns -,
preparou o terreno onde, décadas depois, viria florescer o modernismo. Surgido
na França, o impressionismo introduz elementos que rompem definitivamente com o
passado da pintura: enfatiza a apurada representação da luz, especialmente nos
efeitos que suas mudanças produzem, usa composição aberta, inclui o movimento
como elemento crucial da percepção e experiência humanas e lança mão de ângulos
visuais incomuns. As explorações dos pintores impressionistas se estenderam por
três gerações entre os anos de 1870 e 1880 e também influenciaram músicos e
escritores. O nome dessa escola vem de um quadro de Claude Monet (1840 - 1926),
Impressão, Alvorecer (Impression, Soleil Levant), datado de
1872. Produzido com pinceladas soltas que mais sugerem do que delineiam a
paisagem, a pintura mostra a baía de La Havre sob a luz do sol nascente,
brilhando através da neblina. Alguns mastros de barcos surgem fantasmagoricamente
ao fundo. “A paisagem não é nada mais que uma impressão instantânea”, explicou
Monet. De fato, em seus quadros, Monet imortalizava momentos – fugazes fragmentos
de tempo, mas que compõem a existência do Homem.
terça-feira, 26 de março de 2013
sexta-feira, 22 de março de 2013
Caravaggio - A Decapitação de São João Batista
Se
a arte de Caravaggio pudesse ser definida numa palavra, ela provavelmente seria:
brutal. Michelangelo Merisi da
Caravaggio (1571 – 1610) combinou, nas imagens que compôs, uma visão realística
do ser humano, tanto do ponto de vista físico como emocional, ao uso dramático
da luz. O resultado é arrebatador. Caravaggio pinta homens e mulheres de
verdade: não esconde nem a sujeira nem a beleza de seus corpos. Os temas
violentos refletem a personalidade do pintor. Consagrado em Roma, seu
temperamento volátil o levou a matar um homem num duelo. A partir de então, sua
vida tornou-se uma fuga que o levou a Nápoles, Malta e Sicília, em busca de
protetores com quem, depois de pouco tempo de convivência, rompia - e no caso
dos Cavaleiros de Malta, de modo violento. Suas obras acabaram se tornando
moeda de troca para a proteção e o perdão que esperava receber das autoridades.
Uma moeda valiosa, com a qual ele comprou os poderosos para tentar escapar dos assassinos
que o perseguiam e que, talvez (pois há controvérsias sobre o modo como
Caravaggio morreu), tenham cumprido sua missão.
A Decapitação de São João Batista, pintado em 1608 quando Caravaggio
estava sob a proteção dos Cavaleiros de Malta, é considerada obra-prima desse
pintor e um dos quadros mais importantes da arte ocidental. A pintura retrata o
momento em que São Batista é sangrado, antes da decapitação. Ele já teve a
jugular cortada e a espada que será usada para arrancar sua cabeça descansa ao
lado. À esquerda, Salomé aguarda com uma bandeja a cabeça que lhe será dada. Ao
seu lado, o contraponto: uma mulher,
identificada como, possivelmente, a princesa Herodias, irmã do rei Herodes
Agripa I, reage, chocada, ao absurdo que é a execução de um inocente. A tela reúne
as principais características de Caravaggio: da técnica soberba deste que foi
um dos iniciadores da pintura barroca, do jogo de luz e sombra, à violência que
extrapola os limites tanto da emoção como da razão humanas. Com isso,
Caravaggio nos dá um retrato da nossa própria alma: tão bela quanto violenta;
tão reles quanto elevada... Brutal.
sábado, 9 de março de 2013
William Turner - Iate Aproximando-se da Costa
O inglês William Joseph Mallord William Turner (1775
– 1851) é, sem dúvida, um dos maiores gênios da história da arte, um pioneiro
que se aventurou por caminhos que passaram a ser trilhados por novas gerações de
pintores. Com efeito, William Turner é o autor do prefácio romântico ao Impressionismo,
antecipando em décadas essa escola.
Turner foi um inovador. Encontrava veículos
para sua imaginação na luz do luar, em tempestades, neblina, naufrágios. Era
fascinado pelo poder violento do mar. Em muitas de suas obras, a figura humana
é colocada de modo a ressaltar sua vulnerabilidade diante da natureza. E como
todo grande mestre, sua arte permanece atual, poderosa e, sem incorrer em exagero,
contemporânea.
Em Iate
Aproximando-se da Costa, de 1835, a luz no céu e no mar ofusca o leitor, provocando
um efeito visual peculiar, obscurecendo a cena. As formas dos edifícios e dos
barcos são apenas sugeridas. É por conta de pinturas como essa que Turner é
chamado de “pintor da luz”.
quarta-feira, 6 de março de 2013
Tomie Ohtake - Botão
Tomie
Ohtake (1913 - ) só começou a pintar aos 39 anos, seguindo um impulso que teve
ainda na adolescência, quando ainda vivia no Japão, mas o qual não pôde seguir
por conta da rigidez da sua educação. Autodidata, Tomie começou pintando as paisagens que a
cercavam, especialmente as do bairro da Mooca, em São Paulo, onde morava. Logo,
porém, passou para a pintura abstrata. “Queria pintar o que vinha do coração e
não apenas o que via”, justificou. A artista não se ateve apenas à pintura. Tomie
também é escultora – suas obras decoram algumas vias de São Paulo. Em Botão, de 1976, Tommie ilumina com
maestria uma composição plana e sombria, conseguindo, assim, um efeito
marcante.
segunda-feira, 4 de março de 2013
Giotto - O Beijo de Judas
A obra
de Giotto (1266/7 – 1334) é um dos maiores divisores de água da história da
arte. O pintor florentino foi o primeiro de uma série de artistas cujo trabalho
contribuiu para o surgimento do Renascimento. Giotto foi o mestre que iniciou
os grandes mestres, fundador de uma linhagem que culminou em Leonardo,
Michelangelo e Rafael.
Giorgio Vassari (1511 – 1574), que estabeleceu os fundamentos da literatura da história da arte com seu livro As Vidas dos Pintores, Escultores e Arquitetos Mais Eminentes, escreveu que Giotto foi o criador “da grande arte da pintura como a entendemos hoje, introduzindo a técnica de desenhar com base na natureza, algo que tinha sido esquecido por mais de duzentos anos”.
De fato, a pintura de Giotto foi uma ruptura. Em
vez de das representações planas, sem vida, da arte bizantina, Giotto pintava
homens e mulheres conforme a realidade, colorindo com sua paleta as emoções humanas.
Nos afrescos da Capela Scrovegni, em Pádua, também conhecida como
Capela da Arena, Giotto atinge o auge. Os afrescos – em muitos dos quais se
destaca um azul tocante – estão entre as principais obras do início do
Renascimento. O Beijo de Judas, que
transborda emoção e movimento, faz parte desses painéis, concluídos em 1305,
que narram a vida da Virgem e de Cristo.
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